Fotos: Guilherme Sai




São Paulo, SP — O Museu da Língua Portuguesa, em parceria com a Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, abre a partir do dia 24 de maio a exposição temporária "Línguas Africanas que Fazem o Brasil". Curada pelo renomado músico e filósofo Tiganá Santana, a mostra explora a profunda influência das línguas iorubá, eve-fom e do grupo bantu na formação do português brasileiro e na cultura nacional.


Uma Jornada Pelas Raízes Africanas


A exposição, que ficará em cartaz até janeiro de 2025, oferece uma imersão nas contribuições das línguas africanas ao português falado no Brasil. "Queremos mostrar como expressões e estruturas de línguas negro-africanas permeiam nosso vocabulário e modos de pensar", explica Tiganá Santana. Entre as palavras destacadas estão "bunda", "dendê", "canjica" e "caçula", que refletem a herança linguística africana.


Experiência Sensorial e Visual


Ao entrar na exposição, o público é recebido por 15 palavras de origem africana, impressas em estruturas ovais de madeira. Uma das principais atrações é a obra do artista baiano J. Cunha, que vestiu o bloco afro Ilê Aiyê no Carnaval de 1996, representando as "Civilizações Bantu". Além disso, 20 mil búzios suspensos no ambiente evocam a tradição divinatória afro-brasileira, conectando o físico ao espiritual.






Linguagens Não-Verbais


Outras formas de expressão cultural, como os cabelos trançados que serviam como mapas de fuga durante a escravidão, e turbantes que indicam hierarquia no candomblé, também são abordadas. A designer Goya Lopes contribui com trabalhos inspirados nas capulanas moçambicanas, ressaltando a conexão com a língua iorubá.



Arte, Música e Cultura


A exposição inclui também duas videoinstalações da artista visual Aline Motta. "Corpo Celeste III" destaca grafias milenares centro-africanas, enquanto "Corpo Celeste V" apresenta provérbios africanos em movimento, criando um diálogo com a primeira obra. As esculturas da baiana Rebeca Carapiá, em diálogo com frequências e grafias afrocentradas, também estão em destaque.





Músicas e Canções Populares


A exposição também explora a influência das línguas africanas em canções populares brasileiras. Músicas como "Escravos de Jó" e "Abre a roda, tindolelê" são exemplos de como essa integração moldou a cultura musical do país. A canção "Escravos de Jó" deriva de palavras das línguas quimbundo e umbundo, significando "casa".


Cinema Interativo e Multimídia


Uma sala de cinema interativa oferece projeções que reagem à enunciação de palavras de origem africana, como "axé", "afoxé", "zumbi" e "acarajé". O público também pode explorar registros de manifestações culturais afro-brasileiras e entrevistas com especialistas, além de assistir a filmes sobre o Quilombo Cafundó.


Esta exposição é uma oportunidade imperdível para quem deseja entender melhor a rica influência africana na língua e cultura brasileiras. Não perca!


Serviço

Exposição Temporária: Línguas Africanas que Fazem o Brasil

Período: De 24 de maio a janeiro de 2025
Horário: De terça a domingo, das 9h às 16h30 (com permanência até as 18h)
Ingressos: R$ 24 (inteira); R$ 12 (meia); grátis para crianças até 7 anos e aos sábados
Local: Museu da Língua Portuguesa, Praça da Língua, s/nº - Luz – São Paulo
Ingressos Online: Bileto Sympla